HOMEOTERMIA – Parte 2

3. A Termorregulação

Manter a temperatura corporal constante depende de um equilíbrio entre a geração e a dissipação de calor. Se um animal está em um ambiente frio, haverá aumento em sua termogênese e diminuição na perda de calor.

Em locais quentes, ocorrerá o contrário: a dissipação aumentará e a geração de calor diminuirá. Os processos implicados nesse controle são classificados em duas categorias: mecanismos inespecíficos e mecanismos específicos de termorregulação.

Mecanismos Inespecíficos

Os mecanismos inespecíficos não estão sob controle neurológico, e dependem apenas de algumas propriedades físicas das substâncias que compõem o corpo dos animais.

Uma dessas substâncias é a água, que representa a maior porcentagem da massa dos animais. A água tem um elevado calor específico, ou seja, perde ou recebe muita energia sem que sua temperatura varie muito.

Dessa forma, a presença de grandes quantidades de água atua como um “amortecedor térmico”, evitando grandes oscilações. O corpo dos animais tem grande capacidade térmica. Mesmo que ganhe ou perca muita energia, como seu calor específico é alto, a temperatura corporal pouco varia.

Outro mecanismo inespecífico de controle de temperatura é a existência, embaixo da epiderme, de uma camada de gordura, que conduz mal o calor.

Essa camada subcutânea funciona como isolante térmico, diminuindo a intensidade das trocas e, principalmente, da dissipação de calor para o ambiente. Além disso, as gorduras são moléculas orgânicas ricas em energia, e sua oxidação é uma importante forma de gerar calor.

Mecanismos Específicos

Trata-se de um grande conjunto de ajustes fisiológicos presentes apenas nas aves e nos mamíferos, embora se acredite que os grandes répteis primitivos apresentavam alguma capacidade de termorregulação.

Os mecanismos específicos dependem do papel controlador do hipotálamo, que analisa as informações recebidas sobre as temperaturas corporal e do ambiente. Dependem, ainda, das conexões existentes entre o hipotálamo, outras estruturas controladoras e as estruturas efetoras.

Tremores e transpiração representam alguns dos mecanismos específicos de termorregulação. Para facilitar o entendimento desses mecanismos, vamos dividi-los em duas categorias: adaptações ao frio e adaptações ao calor.

A – Adaptações ao Frio

Baixas temperaturas tendem a esfriar o corpo, o que é percebido pelos receptores hipotalâmicos e informado aos neurônios controladores. A geração de calor nos animais homeotermos aumenta, e a dissipação de calor diminui. O córtex cerebral, conectado ao hipotálamo, desencadeia ajustes comportamentais úteis, como encolher o corpo, procurar locais abrigados, etc..

As arteríolas da pele se contraem (vasoconstrição superficial), diminuindo a chegada de sangue na superfície, e quanto menos sangue chega à pele, menos calor é dissipado. Logo, a vasoconstrição superficial permite a retenção de calor.

O sistema nervoso simpático determina a contração do músculo eretor dos pêlos, nos mamíferos, ou das penas, nas aves, estruturas que atuam como isolantes térmicos. O eriçamento (ou “arrepio”) aumenta a eficiência do isolamento, criando ao redor do corpo um “bolsão de ar” entre os pêlos ou as penas. Quanto mais pêlos ou penas o animal tiver, mais eficaz será esse sistema de proteção.


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