NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS – Parte 2

A FUNDAÇÃO DA MINA:

“El-rei  D. João II, que sucedeu a seu pai D. Afonso V vendo que nas terras recentemente descobertas havia riquezas que aumentavam o seu rendimento e achando disposição nos seus habitantes para admitirem a nossa lei, ordenou que se construísse uma fortaleza no sítio onde se fazia o tráfico de ouro que chamavam da Mina.

Preparou uma armada composta de duas urcas e dez caravelas carrega das com todos os materiais necessários para a construção, desde a pedra dos alicerces até às telhas dos telhados com munições para seiscentos homens, quinhentos de combate e os restantes, operários…” (FREITAS. G. op. cit. p. 87-)  

Além do ouro os portugueses se interessavam também pelo tráfico de escravos. Os negros já eram comercializados na própria África 1 em troca do metal precioso. O tráfico negreiro aumentou de proporção a medida que os portugueses desenvolveram o cultivo da cana de açúcar e cereais, com mão-de-obra escrava, nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

Desde 1444, os escravos começaram a ser levados para a Europa e Lisboa tornou-se i um importante centro de comercio de negros, revendidos para a região do Mediterrâneo e, posteriormente, para a América.  

O governo português interessado na navegação e na exploração do Oceano Atlântico concedia a particulares autorização para viagens ao ultramar. Os armadores faziam todas as despesas e pagavam à monarquia um quinto dos lucros obtidos com a viagem. Em 1469, o português Fernão Gomes arrendou o comércio com a costa da Guine.

Em 1470, o rei Afonso V (1438-1481) decretou o monopólio da Coroa sobre os seguintes produtos africanos: a algália (licor odorífico), as pedrarias, as tintas e a pimenta malagueta.

Outras licenças foram concedidas a particulares para incentivar a conquista das ilhas do Atlântico. No governo de D. João IV (1481-1495), criaram-se organismos autárquicos, como a Casa de Lisboa, para controlar o comércio pelo Atlântico e pelo Indico.      

Os negócios portugueses na costa africana eram feitos com mercadorias não produzidas em Portugal. O ouro e os escravos eram trocados por têxteis importados da Inglaterra França e Flandres; artigos de lã  e vidro, da Alemanha Flandres e Itália; trigo, da Europa setentrional e do Marrocos. 

O ouro africano era transformado pelos portugueses em moedas (cruzados) para pagar as manufaturas importadas, beneficiando  países como Inglaterra, Holanda e Alemanha,, que ainda assim,, pa’ não participavam diretamente das navegações ultramarinas.

Os conhecimentos e experiências de italianos flamengos, ingleses, árabes e chineses na arte de navegar foram incorporados aperfeiçoados e adaptados pelos portugueses às viagens pelo Oceano. 0 século XV foi notável no desenvolvimento da tecnologia naval surgindo a vela triangular, a caravela, a nau, mapas marítimos (os portulanos), instrumentos náuticos como a bússola, o astrolábio, o quadrante e o sextante que permitiram o contorno da África e a chegada à Ásia e à América.      

CONQUISTA DAS ÍNDIAS E DA AMÉRICA POR PORTUGUESES E ESPANHÓIS  

Nos reinados de D. João II e de D. Manuel (1481 a 1521), os portugueses se empenharam em chegar até as Índias, cuja conquista começou a delinear-se em 1487, quando Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperança, no sul da África. Em 1498, Vasco da Gama chegava a Calecute, no sudoeste das Índias e, dois anos depois, Pedro Álvares Cabral aportava no Brasil, antes de prosseguir sua viagem para o Oriente.  

Pelo Atlântico sul, em 50 anos os portugueses dominavam a navegação no Oceano Indico, com entrepostos comerciais que iam de Moçambique e Mombaça (África Oriental), Ormuz (ilha do Golfo pérsico), Diu, Goa e Calecute (Índia), Málaca (Malásia), Macau (China), chegando até Nagazaqui, no Japão.

Além de fazerem o comércio das especiarias 1 os portugueses trocavam também ouro, prata e seda nas feitorias da China e dó Japão. A partir de 1530, iniciaram o povoamento e a colonização efetiva do Brasil, com o estabelecimento de grandes latifúndios monocultores de cana de açúcar, tabaco e algodão, sob o sistema escravista.    

Em 1492, o navegante genovês Cristóvão Colombo, navegando sob o patrocínio da Espanha, ao tentar chegar às Índias pela rota ocidental, atingiu o continente americano, ao qual voltou várias vezes. Logo os espanhóis deram início à conquista e à exploração do referido continente, que se mostrou rico em ouro e prata, criando um vasto império colonial que se estendia do México a Argentina.  

A descoberta e a ocupação de terras na África, Ásia e América e a integração das regiões banhadas pelo Oceano Atlântico ao comércio europeu promoveram o crescimento da produção de mercadorias em diversos países, como Holanda Inglaterra e França.

A economia européia recebeu grande impulso com a chegada do ouro proveniente das colônias espanholas do México e do Peru e da prata da Bolívia. Com o ouro de suas colônias, a Espanha transformou-se, no século XVI, no mais rico país do mundo ocidental. 

A expansão marítima, liderada por Portugal seguido pela Espanha, e mais tarde pela Holanda, Inglaterra e França, contribuiu para o fortalecimento do poder dos reis e para o enriquecimento da burguesia européia. 

Autores: Fábio Costa Pedro e Olga M. A. Fonseca Coulon. História: Pré-História, Antiguidade e Feudalismo, 1989


Posted

in

by

Tags:

Comments

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *