GRAVIDEZ E LACTAÇÃO – Parte 3

Parto

É o momento em que o concepto deixa o ventre materno. Este fenômeno depende essencialmente das contrações uterinas. As contrações uterinas, durante o trabalho de parto, têm por finalidade:

dilatar o istmo e colo uterino;

promover a descida e a expulsão do feto; e finalmente, registro da pressão intraplacentária.

Evolução da contratilidade uterina durante a gestação

Durante a gestação toda, o útero mantém uma atividade contrátil rítmica. Algumas destas contrações não são percebidas pela gestante, outras porém, podem ser percebidas, chegando de 10 a 20 mmHg. Após a 35a semana estas aumentam gradativamente de intensidade e freqüência à mediada que se aproxima da 40a semana.

Durante o trabalho de parto, as contrações uterinas atingem a freqüência de 4 em cada 10 minutos, com intensidade de 40 mmHg. No período expulsivo, chegam a 5 em 10 minutos, com intensidade de 50 mmHg.

Após a expulsão fetal, as contrações uterinas diminuem a freqüência, mas atingem cerca de 50 a 60 mmHg. Estas contrações têm a finalidade de descolar e expulsar a placenta, assim como de transfundir cerca de 80 a 100 mL de sangue para o feto.

Origem e propagação da onda contrátil

As ondas de contração uterina originam-se ao nível da inserção das tubas uterinas, no fundo do útero. Irradiam-se por todo o útero, do fundo em direção ao colo. Como a onda inicia-se no fundo do útero, ela traciona o colo e o istmo, favorecendo sua dilatação. A onda é coordenada de forma que sua intensidade máxima se faz sobre o istmo e o colo, auxiliando a dilatação.

Lactação

Estrutura anatômica da mama

A glândula mamária é exócrina. Sua secreção, o leite, contém uma mistura de proteínas, lactose, gorduras e sais minerais. O parênquima consiste de cerca de 15 a 20 glândulas alveolares compostas ou lobos, cada qual com um ducto lactífero separado, abrindo-se na papila da mama.

Os ductos podem possuir dilatações (seios lactíferos) junto às suas terminações. A papila da mama é uma proeminência que contém diminutas aberturas dos ductos lactíferos da glândula. A aréola se torna marrom durante a gravidez, retendo esta cor posteriormente. A aréola contém glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, que formam tubérculos que aumentam durante a gestação e glândulas mamárias acessórias com miniaturas de ductos se abrindo através do epitélio aureolar. A glândula mamária é extremamente vascularizada e é nutrida por ramos perfurantes da artéria torácica interna.

Desenvolvimento mamário

Durante a puberdade as glândulas mamárias se desenvolvem graças à ação dos hormônios gonadais. Os estrógenos são os responsáveis pelo desenvolvimento  dos ditos mamários e a progesterona pelo desenvolvimento  lóbulo-alveolar. Além dos hormônios ovarianos, a prolactina, o hormônio do crescimento e o ACTH são importantes para o desenvolvimento  completo e harmônico da glândula mamária.

Com o evoluir da gestação, a placenta participa ativa e gradativamente do desenvolvimento da glândula mamária. Nos primeiros meses de gestação desenvolve-se o sistema canalicular, seguindo-se o desenvolvimento dos alvéolos. A atividade secretora das glândulas mamárias inicia-se na Segunda metade da gestação e se prolonga até o seu final. Após o parto, se não se efetuar o aleitamento materno, as mamas regridem.

Secreção

Depois que está desenvolvida a glândula mamária, a hipófise, por meio da prolactina torna-se responsável pela lactogênese. Este hormônio atua diretamente sobre as células da glândula mamárias, porém não há produção de leite sem a atuação de diversos hormônios (progesterona, prolactina, glicocorticóides, tiroxina, e hormônio do crescimento).

Durante a gestação a lactação é bloqueada pelos altos níveis de estrógenos, que atuam ao nível do receptor mamário, impedindo a ação da prolactina. Após o parto, com  a dequitação da placenta, caem os níveis plasmáticos de todos os hormônios por ela produzidos, principalmente estrógenos e progestágenos, diminuindo a ação inibidora da progesterona sobre a hipófise, aumentando a secreção da prolactina, que estimula a secreção láctea.

Manutenção da lactação

A manutenção da lactação depende  da sucção do mamilo. É um fenômeno neroendócrino cujo arco reflexo do mamilo, alcançando, via nervos sensitivos, a medula espinhal para chegar ao hipotálamo, onde ativa os mecanismos liberadores de ocitocina e da secreção de prolactina. Estes hormônios, liberados na circulação sistêmica, vão atuar sobre os ácinos estimulando a secreção láctea (prolactina), e também sobre as células mioepiteliais (que revestem os ácinos) determinando a sua contração e consequentemente o seu esvaziamento (ejeção láctea).

Retorno dos ciclos menstruais após o parto

A lactação prolonga o período da amenorréia (ausência da menstruação) que se segue após os parto. Com a amamentação, o período de retorno é de 8 a 12 meses, enquanto que sem a amamentação esta faixa cai para 2 a 4 meses. Isso se deve à ação antigonadotrófica da prolactina:

ao nível ovariano, competindo com o LH e FSH;

ao nível hipotalâmico, diminuindo a produção do LH-RH.

Bibliografia consultada

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Colaboração: http://www.biociencia.org/

Por: Karine Kavalco


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