O GUARANI – José de Alencar ( Resumo) – Parte 3

VII A Prece

Este capítulo é muito conhecido, tome cuidado porque alguns professores que fazem perguntas do vestibular podem ter uma recaída de saudade dos seus livros didáticos:

“A tarde ia morrendo.

O sol declinava no horizonte e deitava-se sobre as grandes florestas, que iluminava com seus últimos raios.

A luz frouxa e suave do ocaso, deslizando pela verde alcatifa, enrolava-se como ondas de ouro e de púrpura sobre a folhagem das árvores.

Os espinheiros silvestres desatavam as flores alvas e delicadas e o ouricuri abria as suas palmas mais novas, para receber no seu cálice o orvalho da noite. Os animais retardados procuravam a pousada: enquanto a juriti, chamando a companheira, soltava os arrulhos doces e saudosos com que se despede do dia.

Um concerto de notas graves saudava o pôr do sol, e confundia-se com o rumor da cascata, que parecia quebrar a aspereza de sua queda, e ceder à doce influência da tarde.

Era a Ave-Maria.”

Todos se ajoelharam para rezar, descobriram a cabeça solenemente. Somente Loredano conservava seu sorriso desdenhoso, observando Álvaro que, embebido pela beleza de Cecília, contemplava-a como se ela fosse a deusa para quem se dirigia a prece.

D. Antônio convidou Álvaro para partilhar do serão e da refeição da família; só aos sábados e domingos isso poderia acontecer porque durante a semana todos vivam apartados em seus afazeres. Álvaro deu um jeito de chamá-la para a conversa e contou-lhe que encontrara Peri brincando com uma onça.

A moça soltou um grito e achou que o amigo deveria estar morto àquela hora, confessando ter sido o motivo da tamanha loucura porque dissera a Peri que queria ver uma onça viva.

D. Álvaro elogiou o selvagem, D. Lauriana disse que se estava morto não perderia grande coisa e , afastados os velhos, Álvaro sentiu o coração saltar-lhe do peito. Entregou a Ceci sua encomenda. Duas pistolas, rendas, sedas e adereços femininos; Ceci foi deitar-se , mas antes viu o vulto de Peri que retornava à casa. Ficou tranqüila.

Depois , pensou em Álvaro e na recusa do presente que lhe trouxera, o que tinha causado mágoa ao rapaz.

Capítulo VIII- Três Linhas

Tudo estava sossegado, longe da casa os aventureiros se reuniram para comer, conversar e beber no edifício em que habitavam. Entre eles, três homens de diferentes origens e caráteres, tinham a mesma idéia e “seus espíritos quebravam essa barreira moral e física, e se reuniam num só pensamento, convergindo para um mesmo ponto como os raios de um círculo.

Sigamos, pois, cada uma das linhas traçadas por essas existências, que mais cedo ou mais tarde hão de cruzar-se no seu vértice.”

Os homens conversam e gracejam e acreditam que Loredano esteja apaixonado, pois está quieto; fazem gracejos. Aires Gomes, o escudeiro de D. Antônio, apareceu à porta do saguão e veio pedir que fizessem silêncio, além de observar que os homens deveriam estar em boa guarda porque poderiam ser atacados por índios.

Loredano levantou-se e, seguido de Rui Soeiro e Bento Simões, caminhou até o meio do terreiro. Então, o italiano murmurou-lhes: Amanhã!

Após afastar-se, Loredano viu reluzir uma luz no quarto de Cecília e pára, olhando. Álvaro está triste porque Cecília não aceitou seu presente e Peri , equilibrando-se sobre o precipício, teima em ver pelo menos a sombra da sua senhora, a quem não vê há dois dias. São três corações diferentes, movidos por diferentes sentimentos; três que convergem para um mesmo ponto.

Capítulo IX Amor

“As cortinas da janela cerraram-se; Cecília tinha-se deitado.

Junto da inocente menina adormecida na isenção de sua alma pura e virgem, velavam três sentimentos profundos, palpitavam três corações bem diferentes.

Em Loredano, o aventureiro de baixa extração, esse sentimento era um desejo ardente, uma sede de gozo, uma febre que lhe requeimava o sangue: o instinto brutal dessa natureza vigorosa era ainda aumentado pela impossibilidade moral que a sua condição criava, pela barreira que se elevava entre ele, pobre colono, e a filha de D. Antônio de Mariz, rico fidalgo de solar e brasão. (…)

Em Álvaro, cavalheiro delicado e cortês, o sentimento era uma afeição nobre e pura, cheia de graciosa timidez que perfuma as primeiras flores do coração, e do entusiasmo cavalheiresco que tanta poesia dava aos amores daquele tempo de crença e lealdade.(…)

Em Peri, o sentimento era um culto, espécie de idolatria fanática, na qual não entrava um só pensamento de egoísmo: amava Cecília não para sentir um prazer ou ter uma satisfação, mas para dedicar-se inteiramente a ela, para cumprir o menor dos seus desejos, para evitar que a moça tivesse um pensamento que não fosse imediatamente uma realidade.

Ao contrário dos outros ele não estava ali, nem por um ciúme inquieto, nem por uma esperança risonha: arrostava a morte unicamente para ver se Cecília estava contente, feliz, alegre: se não desejava alguma coisa que ele adivinharia no seu rosto, e iria buscar nessa mesma noite, nesse mesmo instante.”

Se Loredano desejava; Álvaro amava; Peri adorava nos informa o narrador.

Os dois homens ficam observando o quarto de Cecília, com corações inquietos. Peri , no entanto, os observa, pronto para defender sua senhora. E percebeu a paixão que habitava o peito de ambos.

Cecília não poderia ser molestada por nenhum deles porque seu quarto tinha a janela virada para o precipício, rocha cortada com um abismo ao fundo, cheio de répteis. Peri retirou-se sossegado para a cabana. Enquanto isso, Isabel velava pensativa, lembrando o que acontecera à tarde, quase adivinhando as palavras dele ditas a Cecília.

Aperta entre os dedos uma medalha que traz dependurada no pescoço, cujo tampo de cristal guardava uma mecha de cabelos. Além dos cabelos havia outra coisa:

” Era o pó sutil do curare, o veneno terrível dos selvagens.

Isabel colou os lábios no cristal com uma espécie de delírio.

– Minha mãe! … minha mãe! …

Um soluço rompeu-lhe o seio.”

Capítulo X Ao Alvorecer

Quando amanhece o dia, Cecília abre a portinha do jardim e chama Peri. O índio apareceu à entrada da cabana, alegre, mas tímido e submisso.

Cecília mostra-se contrariada com ele pois fora caçar uma onça viva para atender um desejo dela. Adverte-o de que poderia ter morrido e deixado sua senhora sozinha.

O selvagem diz que se acaso Cecília desejasse uma nuvem no céu, ele iria de imediato buscá-la.

“- Isso não é razão, continuou ela; porventura um animal feroz é a mesma coisa que um pássaro, e apanha-se como uma flor?

– Tudo é o mesmo, desde que te causa prazer, senhora.

– Mas então, exclamou a menina com um assomo de impaciência, se eu te pedisse aquela nuvem? …

– E apontou para os brancos vapores que passavam ainda envolvidos nas sombras pálidas da noite.

– Peri ia buscar.”

– A nuvem? perguntou a moça admirada.

– Sim, a nuvem.

Cecília pensou que o índio tinha perdido a cebaça; ele continuou:

– Somente como a nuvem não é da terra e o homem não pode tocá-la, Peri morria e ia pedir ao Senhor do céu a nuvem para dar a Ceci.

Estas palavras foram ditas com a simplicidade com que fala o coração.”

Cecília dá a ele o par de pistolas que Álvaro havia trazido e o índio fica feliz. Isabel chega; ela e o índio se odeiam. Peri as acompanha ao banho e vigia de longe a fim de que nenhum aventureiro venha perturbá-las.

Quando cruzaram a esplanada. Álvaro e Cecília se viram. secretamente o rapaz queria adivinhar naquele rosto um pouco de afeto: não viu. Álvaro cruza com Loredano e ambos se cumprimentam rispidamente. Foi nesse momento que Peri, enfiando a pistola na cinta, passou entre eles com a cabeça erguida, disposto a defender a todo custo a honra da sua senhora.

Capítulo XI No Banho

No caminho do banho, Cecília pergunta à prima porque não falava com Álvaro; Isabel estremece e dá resposta evasiva. Cecília diz que não torna a falar com ela se não disser o motivo vai pensar que é por outra coisa. Isabel empalidece e diz que sua presença aborrece o cavalheiro. Consegue esconder da prima o amor que sente por ele, apesar de trazer a mão no peito e o coração aos saltos.

“O sol vinha nascendo.

O seu primeiro raio espreguiçava-se ainda pelo céu anilado, e ia beijar as brancas nuvenzinhas que corriam ao seu encontro.

Apenas a luz branda e suave da manhã esclarecia a terra e surpreendia as sombras indolentes que dormiam sob a copa das árvores.

Era hora em que o cacto, a flor da noite, fechava o seu cálice cheio das gotas de orvalho com que destila o seu perfume, temendo que o sol crestasse a alvura diáfana de suas pétalas.”

Observe aqui como o romantismo alencariano é nativista, descrevendo a natureza como algo paradisíaco, divino.

Peri se lembra da onça que deixara presa e desaparece numa moita, pensa em matá-la para não desgostar mais ainda sua senhora. Cecília vai trocar-se para o banho:

“A inocente menina tinha vergonha até do raio de luz que podia vir espiar os tesouros de beleza que ocultava a cambraia de suas roupagens.

Assim, depois desse exame escrupuloso, e ainda corando de si mesma, que começou o seu vestuário de banho. Mas quando o corpinho da anágua caindo, descobriu suas alvas espáduas e seu colo puro e suave, a menina quase morreu de pejo e de susto. Um passarinho escondido entre as folhas, um gárrulo travesso e malicioso, gritara, distintamente: – bem-te-vi!”

Enquanto Isabel ficava sentada na beira do rio, Ceci dava braçadas vigorosas, com prazer. Incansável, sobre uma árvore, Peri de tudo tomava conta e viu, entre o arvoredo, dois selvagens que observavam o banho de sua senhora.

Temendo por sua senhora e vendo que os selvagens apontavam-lhe a flecha, ele matou os dois com tiros de pistola, esmigalhando-lhes o cérebro. Ficara ferido no ombro por um dos selvagens. As moças se assustaram e Peri viu o vulto de uma índia que se pôs a correr no mato.

Mas o sangue que perdia, quase que o fez desmaiar; pensou em Cecília, tomou o óleo de uma copaíba e colocou-o sobre o machucado. sentiu-se renascer.

Capítulo XII A Onça

Enquanto Peri e as moças tinham ido ao banho, Loredano meteu-se pelo mato com Rui Soeiro e Bento Simões. O pátio ficara deserto e Álvaro andava pela esplanada.

Mal as janelas da casa tinham sido abertas para receber a luz do sol, puvem-se os gritos de D. Lauriana que aparece à janela toda despenteada, chamando por Aires Gomes, o escudeiro de D. Antônio. De espada em riste, o homem procura o animal, mas não o encontra e só então fica sabendo tratar-se de medo de D. Lauriana porque Peri tinha trazido, dia antes, a onça com a qual teria imaginado agradar sua senhora.

D. Lauriana encarrega o escudeiro de achar a onça trazida pelo índio e matá-la sem dó:

“- O que é feito da fera. Sra. D. Lauriana?

– Algures deve estar. Procurai-a, Aires; corram tudo, matem-na , e tragam-me aqui.”

Aires Gomes tomou por companhia vinte aventureiros e saíram atrás do animal.

“Depois de percorrerem quase todo o vale e baterem o arvoredo, voltavam, quando o escudeiro estacou de repente e gritou:

– Ei-la, rapazes! Fogo antes que faça o pulo!

Com efeito, por entre a ramagem das árvores via-se a pele negra e marchetada do tigre e os olhos felinos que brilhavam com seu reflexo pálido.

Os aventureiros levaram o mosquete à face, mas no momento de puxarem o gatilho, largaram todos uma risada homérica, e abaixaram as armas.

– Que é lá isso? Tem medo?

E o destemido escudeiro sem se importar com os outros, mergulhou por sob as árvores e apresentou-se arrogante em face do tigre.

Aí porém caiu-lhe o queixo de pasmo e de surpresa.

A onça embalava-se a um galho suspensa pelo pescoço e enforcada pelo laço que apertando-se com o seu próprio peso, a estrangulara.

Enquanto viva, um só homem bastara para trazê-la desde o Paraíba até a floresta, onde tinha sido caçada, e da floresta até àquele lugar onde havia expirado.”

Peri havia matado o animal… Os homens levaram a onça até a casa e mostraram-na a D. Lauriana. Ela pediu que eles a deixassem ali, na porta, a fim de que D. Antônio visse o perigo que Peri representava; no entanto, o fidalgo era de todo grato ao índio que um dia salvara sua filha.

“Desta vez, porém, D. Lauriana esperava vencer; e julgava impossível que seu marido não punisse severamente esse crime abominável de um homem que ia ao mato amarrar uma onça e trazê-la viva para casa. Que importava que ele tivesse salvado a vida de uma pessoa, se punha em risco a existência de toda a família, e sobretudo a dela?”

D. Lauriana obriga Aires Gomes a mentir, dizendo que matou a onça e quando chega D. Antônio de Mariz, ela conta que o índio representava perigo, que não fosse o escudeiro, todos já poderiam estar mortos. Acrescenta, ainda, que o bugre trará jacaré, cascavel ou jibóia, cobras e lacraus…

“- Exagerais muito também, D. Lauriana. É certo que Peri fez uma selvajeria; mas não há razão para que receemos tanto. Merece uma reprimenda: lha darei e forte. Não continuará.

– Se o conhecêsseis como eu, Sr. Mariz! É bugre e basta! Podeis ralhar-lhe quanto quiserdes; ele o fará mesmo por pirraça!

– Prevenções vossas, que não compartilho.

A dama conheceu que ia perdendo terreno; e resolveu dar o golpe decisivo; amaciou a voz, e tomou um tom choroso.

– Fazei o que vos aprouver! Sois homem, e não tendes medo de nada! Mas eu, continuou arrepiando-se, não poderei mais dormir, só com a idéia de que uma jararaca sobe-me à cama; de dia a todo momento julgarei que algum gato montês vai saltar-me pela janela; que a minha roupa está cheia de lagartas de fofo! Não há forças que resistam a semelhante martírio!”

E, vendo sua mulher exasperada, D. Antônio imagina que poderá convencê-la de que nada disso aconteceria. D. Lauriana imaginava ter convencido o marido de que Peri era perigoso.

Capítulo XIII Revelação

Isabel e Cecília voltam do banho e se assustam com a presença do animal morto, na entrada da casa. O pai é brando. Observe como Alencar descreve a graça de Cecília:

“Com efeito, Cecília estava nesse momento de uma formosura que fascinava.

Tinha os cabelos ainda úmidos, dos quais se escapava de vez em quando um aljôfar que ia perder-se na covinha dos seios cobertos pelo linho do roupão; a pele fresca como se ondas de leite corressem pelos seus ombros; as faces brilhantes como dois cardos rosas que se abrem ao pôr do sol.”

O pai mostra-lhe a onça, a mãe está irritada. É quando Isabel conta que nãoe ra apenas esse o erro de Peri, mas um outro tinha acontecido há pouco.

Referia-se ao incidente da beira do rio; D. Lauriana, que despreza Isabel, acaba por ouvi-la e toma-a como aliada.

O pai resolve mandar Peri embora, não sem antes agradecer pelo que ele fizera à família.

Pouco depois, Cecília encontra Álvaro que passava pelo jardim e lhe oferece uma flor de jasmim; é nesse instante que entra Isabel. Cecília se sente constrangida e assustada com a chegada da prima, deixa cair o botão de flor e foge. A prima foge também para o quarto e Cecília acaba por descobrir que ela amava Álvaro, já não há como negar.

Capítulo XIV A índia

Mal recuperara a sua força, por causa do ferimento, Peri entrara na floresta, tentando saber de onde vieram os índios que ele tinha visto. Pusera-se a buscar os caminhos, seguindo o rastro da índia que vira fugir na beira do rio.

Havia um motivo para isso: é que dias antes, enquanto estava na floresta, seguira D. Diogo e vira quando ele matara a índia, fato que tanto irritara D. Antônio. Estava claro que os índios que quase mataram Ceci e Isabel tentavam vingar-se da irmã morta.

Os índios eram aimorés, gente feroz e vingativa. Peri resolve avisar D. Antônio para que ele esteja preparado porque os índios foram embora e devem voltar com reforços a fim de assaltar a casa do fidalgo.

Peri está preocupado.

Capítulo XV Os Três

“Loredano, que nessa mesma manhã saíra de casa tão cedo, apenas se embrenhou na mata, esperou.

um quarto de hora depois vieram ter com ele Bento Simões e Rui Soeiro.

Os três seguiram juntos sem dar uma palavra; o italiano caminhava adiante, e os dois aventureiros o acompanhavam trocando de vez em quando um olhar significativo.”

Caminham muito tempo pela mata , o que inquieta os acompanhantes que querem saber o porquê estavam se embrenhando cada vez mais. Os homens reclama e Loredano diz que o destino dos dois está selado, se voltarem, denuncia os dois.

Loredano revela que deixara um testamento em mãos de D. Antônio, que só deve abri-lo quando o julgar morto e que lá denuncia que os três haviam feito planos de conspiração para matar a todos da casa de D. Antônio. Os homens ficam lívidos e mais ainda o ficam quando o aventureiro diz a eles que se pensam em matá-lo e voltar, que o testamento os denunciaria e que D. Antônio mandaria executá-los por traição.

Os homens descobrem, ainda, que no testamento existe a idéia de que Loredano ficaria com Ceci e daria a sobrinha aos homens, para que se divertissem com ela.

E os adverte:

“- De hoje em diante , obediência cega e passiva!”

Chegam a uma gruta onde Loredano fará uma revelação: ali há um tesouro enterrado, o tesouro de Robério Dias , uma lenda no lugar. Robério iria oferecê-lo ao rei de Espanha, que na volta ao Brasil o faria nobre, mas ficara ali escondido:

“- Aqui tendes, disse ele lentamente, o tesouro de Robério Dias: pertence-nos. Um pouco de tento, e seremos mais ricos que o sultão de Bagdá, e mais poderosos que o doge de Veneza.”

Observação: Robério Dias ofereceu a Felipe II o segredo de uma grande mina de prata, descoberta por ele nos sertões de Jacobina, província da Bahia; pedia em troca o título de marquês das Minas, que não lhe foi dado. Essas minas, falsas ou verdadeiras, nunca se descobriram. Robério morreu pobre e desgraçado, recusando-se a revelar o segredo das minas. ( Nota de Alencar, apud B. da Silva Lisboa)

Quando Loredano quebra o vaso que mostrara aos aventureiros e de lá não jorra prata , ouro ou diamantes, mas apenas um mapa, um rolo de pergaminho atado em cruz por um fio pardo..

Loredano promete-lhes títulos, honras, mas diz que se qualquer um atravessar a soleira do quarto de Ceci será um homem morto:

“Essa é a minha parte na presa! É a parte do leão.

Nesse momento ouviu-se um rumor como se as folhas se tivessem agitado.

Os aventureiros não fizeram reparo, e atribuíram naturalmente ao vento.

– Mais alguns dias, amigos, continuou Loredano, e seremos ricos, nobres, poderosos como um rei. Tu, Bento Simões, serás marquês de Paquequer; tu, Rui Soeiro, duque das Minas; eu… Que serei eu, disse Loredano, com um sorriso que iluminou sua fisionomia inteligente. Eu serei…

Uma palavra partiu do seio da terra, surda e cavernosa, como se uma voz sepulcral a houvesse pronunciado:

– Traidores!”

Os três se levantaram com medo, brancos de susto.

Mas nada descobriram ao redor.

Observação do narrador: É possível que a esta altura de sua leitura, alguns fatos não estejam muito claros. Na 2a. parte, você ligará acontecimentos entre si, preenchendo os vazios que existem.

Fim da Primeira Parte


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