AS LEIS DE MENDEL – Parte 2

Se num agradável dia de verão, quase um século atrás, você passasse no mosteiro agostiniano próximo a Brunn, na Morávia – hoje, Brno, na República Tcheca – talvez se deparasse com um monge baixo e troncudo trabalhando numa faixa estreita de jardim ao longo do muro.

Você ficaria intrigado com as estranhas experiências que ele fazia. É difícil imaginar o quanto esse monge estava à frente de seu tempo. Ele não misturou sua fé com a ciência, mas conservou ambos em compartimentos separados de sua mente. Hoje, aquela faixa de terra é um local histórico e nela se ergueu um monumento ao incrível e habilidoso monge: Gregor Mendel.   

Ano após ano, Mendel ia conservando cuidadosamente os registros dos ancestrais das linhagens das ervilhas híbridas – os seus “bebês”, como ele gostava de chamar.

Dessa forma, descobriu que as diferentes cores e texturas (lisas ou enrugadas, por exemplo) das sementes, assim como as características das flores e os hábitos de crescimento, eram herdados  independentemente, como unidades puras, e reapareciam nas gerações seguintes, em determinadas relações que podiam ser preditas matematicamente. 

Ele realizou posteriormente experimentos similares com muitas outras espécies de plantas: feijões, chicória, bocas-de-dragão, plantas frutíferas – e também com abelhas e camundongos. As “leis mendelianas” estabeleceram a base para o estudo exato da hereditariedade: a genética, para usar o termo atual.

Johann Mendel nasceu na Áustria, em 22 de julho de 1822, de uma linhagem camponesa que era um misto de alemão e eslavo. Sua família conseguiu mantê-lo na escola até os 21 anos, quando ele entrou para o monastério em Brunn, centro intelectual, onde muitos dos professores interessavam-se pelas Ciências ou pela Arte. Segundo o costume, ao tornar-se monge, ele adotou outro nome: Gregor. Aos 25 anos, foi ordenado sacerdote e teve que aprender a língua tcheca.

Foi designado professor, freqüentou a Universidade de Viena durante três anos, aprendendo ciência avançada e retornou a Brunn, onde passou 14 anos como professor de física e história natural. Ao ser eleito abade, em 1868, foi obrigado a abandonar gradualmente as experiências de cruzamento de plantas e muitos dos seus outros interesses.

Além da hereditariedade, Mendel se interessou profundamente por botânica, horticultura, geologia, meteorologia e pelo fenômeno das manchas do sol. Deixou contribuições notáveis para o estudo dos tornados.

Mendel percebeu que o tempo faria justiça às suas descobertas. De fato, no ano de 1900, três botânicos, trabalhando independentemente com cruzamento de plantas, na Bélgica, na Alemanha e na Áustria, descobriram as leis de Mendel sobre a hereditariedade.

O mendelismo tornou-se tema central da pesquisa biológica moderna. Mendel tinha a faculdade rara – tão essencial em ciência – de planejar e realizar uma experiência simples e bem delineada com o fim de obter resposta para uma questão bem definida. Ele foi um cientista dos cientistas.

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