Parque Cerrado
É uma formação caracterizada pela presença de ilhas ou elevações arredondadas conhecidas como MURUNDUNS, em meio a um campo úmido, com diâmetro em torno de 5,0 a 20,0 m e altura média de 50 cm.
Estes montes são drenados e abrigam espécies da flora do Cerrado Senso Restrito, formando mosaicos de vegetação com o campo úmido. Alguns autores associam a origem dos Murunduns à atividade dos cupins.Entre as espécies arbóreas mais freqüentes, temos a Eriotheca gracilipes,Qualea grandiflora, Qualea parviflora e Dipteryx alata. No estrato arbustivo-herbáceo encontramos as bromélias e os gêneros Annona, Allagoptera e Vernonia, além de algumas espécies de herbáceas do campo úmido adjacente.
O Cerrado, é, na verdade, um mosaico de chapadas e vales, com várias formações vegetais distintas, que vão desde o campo úmido até o cerradão, passando pelas matas ciliares e as matas secas. Isto faz com que o Cerrado seja considerado hoje a savana de maior biodiversidade do mundo. Já foram catalogadas 774 espécies de árvores e arbustos no Cerrado, das quais 429 endêmicas.
Há também um grande número de orquídeas. A região dos cerrados possui alta luminosidade, baixa densidade demográfica e intensa atividade pastoril, ao sul. Sua extensão territorial abrange mais de 1.200 km de leste para oeste e mais de 1.000 km de norte a sul.
O Cerrado está ameaçado pela expansão desordenada da fronteira agrícola, que já ocupa quase 50% da região. A destruição da cobertura vegetal já supera 70% da área original, e até agora menos de 2% do Cerrado está protegido por Parques Nacionais ou Reservas, separados entre si por grandes distâncias.
Clima e Hidrografia
Situado a 19º 40′ de latitude sul, o cerrado está a apenas 835 metros acima do nível do mar. Apesar de abranger uma extensa área, a região de cerrado apresenta clima bastante regular, classificado como continental tropical semi-úmido.A temperatura média é de 25ºC, registrando máximas de 40ºC no verão. A estação seca começa em abril e continua até setembro. Nesta estação os ventos predominantes são de leste ou de sudeste e as tempestades são muito raras. Os meses mais frios são junho e julho, com temperaturas que variam de 20 a 10ºC.
Em agosto a temperatura é mais alta. Os meses mais chuvosos são novembro, dezembro e janeiro. As precipitações em mm variam para diversas localidades: Formosa (GO), 1.592 mm; em Cuiabá, 1.425 mm, em Corumbá, 1.114 mm. Ocorre vegetação de cerrado na Amazônia, no Nordeste, no Brasil Central, onde há uma estação seca que pode perdurar de 4 a 5 meses, ocorrendo chuvas nos meses restantes, num total que oscila em torno dos 1.400 – 1.500 mm, mas ocorre também no Sudeste e no Sul, com precipitações um pouco menores, embora com temperaturas médias muito inferiores, havendo mesmo possibilidades de geadas freqüentes e rigorosas.
Um dos fatores limitantes no Cerrado é a deficiência hídrica, que ocorre devido à má distribuição das chuvas, à intensa evapotranspiração e às características dos solos que apresentam baixa capacidade de retenção de água e alta velocidade de infiltração.
O regime de precipitação da região apresenta uma oscilação unimodal com a época chuvosa concentrada no período de dezembro a março e a mais seca de junho a agosto. Esta diferença físico-climática da Região dos Cerrados tem forte influência na distribuição dos recursos hídricos. Zonas hidrológicas homogêneas estão estreitamente associadas a regiões físico-climáticas também homogêneas.
O escoamento superficial em uma bacia hidrográfica é influenciado pelo clima, relevo, vegetação e pela natureza e estado de saturação do solo e subsolo. A rede hidrográfica dos Cerrados apresenta características bastante diferenciadas, em função da sua localização, extensão territorial e diversidade fisiográfica.
Situada sobre o grande arqueamento transversal que atravessa o Brasil Sudeste e Central, a região abrange um grande divisor de águas, que separa os maiores sistemas hidrográficos do território brasileiro. Ao sul, abrange parte da bacia do Paraná; a sudeste, o Paraguai; ao norte, a Bacia Amazônica; a nordeste, Parnaíba e a leste, o São Francisco.O regime fluvial dos rios da região encerra, nestas condições, notáveis diferenças nas características físicas de suas bacias de drenagem e nas diversas influências climáticas a que estão submetidas. Com relação às águas subterrâneas, os mesmos fatores físico-climáticos influenciam sua ocorrência.
Geologia Relevos e Solos
Os pontos mais elevados do Cerrado estão na cadeia que passa por Goiás em direção sudeste-nordeste: o Pico Alto da Serra dos Pirineus, com 1.600 metros de altitude, a Chapada dos Veadeiros, com 1.250 metros de altitude, e outros pontos com elevações consideradas que se estendem em direção noroeste; a Serra do Jerônimo e outras serras menores, com altitudes entre 500 e 800 metros de altitude.
Seus terrenos são um tanto que acidentados, com poucas áreas planas. Nos morros mais altos são encontrados muitos pedregulhos, argila com inclusões de pedras e camadas de areia.
Outra formação é constituída por aflorações de rochas calcáreas, com fendas, grutas e cavernas em diferentes tamanhos. Por cima das rochas, há uma vegetação silvestre. Possui campos e vales com vegetação bem característica, e há ainda uma mata ciliar rodeando riachos e lagoas.
Os solos apresentam-se intemperizados, devido à alta lixiviação e possuem baixa fertilidade natural. Possuem grandes áreas, com a seguinte classificação: latossolo (escuro, vermelho-amarelo, roxo), areias, cambissolos, solos (concrecionários, litólicos) e lateritas hidromórficas.
Em pequenas áreas ocorrem grupos de solos: podzólico (vermelho-amarelo), glei húmico, solos orgânicos e terras roxas estruturadas (distrófico e eutrófico).
O solo do cerrado apresenta pH ácido, variando de 4,3 a 6,2. Possui elevado conteúdo de alumínio, baixa disponibilidade de nutrientes, como o fósforo, o cálcio, o magnésio, o potássio, matéria orgânica, zinco, argila, compondo-se de caulinita, goetita ou gibsita. O solo é bem drenado, profundo e com camadas de húmus.
As estruturas do solo do cerrado são em algumas partes bem degradadas devido às atividades agrícolas e pastagens, sendo recuperado com reflorestamento de espécies de Eucalyptus, associado com plantio de milho e feijão, além de café, freijó, maniçoba e palma.
E a regeneração artificial é feito com espécies de Acacia, Agathis, Araucaria, Cassia, Cedrela, Cupressus, Pinus, Podocarpus, Terminalia, entre outras.
Flora
A cobertura vegetal do Cerrado é a segunda mais importante do Brasil. Abrange aproximadamente 1.750.000 km², que corresponde a cerca de 20% do território nacional. Apresenta as mais diversas formas de vegetação, desde dos campos sem árvores, ou arbustos, até o cerrado lenhoso denso com matas ciliares. O Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com mais de 10.000 espécies de plantas, com 4.400 endêmicas desse bioma.
É classificado como tendo formações vegetativas primitivas, com quatro divisões: matas, campos, brejos e ambientes úmidos com plantas aquáticas. As matas ocupam as depressões, vales e cursos de águas e possuem poucas epífitas.
Os campos cobrem a maior parte do território, denominada campestre. É essencialmente coberto por gramíneas, com árvores e arbustos. É também subdividido em campo de cerrado, campo de limpo, que se diferenciam na formação do terreno e na composição do solo, com declives ou planos.
A vegetação de brejos é composta por gramíneas, ciperáceas, arbustos, pequenas árvores isoladas, algumas ervas, entre outras diversidades de espécies.
As árvores mais altas do cerrado chegam a 15 metros de altura e formam estruturas irregulares. Apenas nas matas ciliares as árvores ultrapassam 25 metros e possuem normalmente folhas pequenas e decíduas. Nos chapadões arenosos e nos quentes campos rupestres do Cerrado, estão as mais exuberantes e exóticas bromeliáceas, cactos e orquídeas, contando com centenas de espécies endêmicas. E ainda existem espécies desconhecidas, que devido à ação antrópica do homem podem ser destruídas antes mesmo de serem catalogadas.
As árvores do cerrado são muito peculiares, com troncos tortos, cobertos por uma cortiça grossa, cujas folhas são geralmente grandes e rígidas. Muitas plantas herbáceas têm órgãos subterrâneos para armazenar água e nutrientes. Cortiça grossa e estruturas subterrâneas podem ser interpretadas como algumas das muitas adaptações desta vegetação às queimadas periódicas a que é submetida, protegendo as plantas da destruição e capacitando-as para rebrotar após o fogo.
As próprias queimadas, freqüentes neste tipo de bioma, são mal interpretadas. Na verdade, as queimadas periódicas (com intervalos maiores do que 5-7 anos) já aconteciam no Cerrado antes da chegada do ser humano.
Há, inclusive, várias espécies de plantas que só germinam após as queimadas. Mas as queimadas intensas, feitas a cada um ou dois anos pelos pecuaristas, são extremamente nocivas ao Cerrado.
Fogo no Cerrado
Um dos fatores ecológicos mais importantes do cerrado é o fogo. Ele pode ser gerado de diversas formas naturais, mas a principal delas são as descargas elétricas. Os incêndios diminuem a densidade do cerrado, prejudicando o incremento do material lenhoso e favorecendo a expansão das plantas herbáceas.
Outra hipótese, de maior aceitação, considera o cerrado uma vegetação clímax, que não se torna uma floresta devido às condições de clima e solo existentes, tendo o fogo um papel secundário. De acordo com a segunda hipótese, a falta de nutrientes essenciais e a grande presença de alumínio são as responsáveis pela fisionomia característica dos cerrados.
Fauna
Nos vários hábitats naturais, desde o campo aberto, o campo limpo, o campo sujo, campo cerrado com formações arbóreas, o cerradão, o campo úmido, a vereda e a mata ciliar, o cerrado apresenta diversidade em espécies. Toda esta riqueza de ambientes, com vários recursos ecológicos, abriga comunidades de animais, com diversas espécies e uma grande abundância de indivíduos, alguns com adaptações especializadas para explorar recursos específicos de cada um desses hábitats.
No ambiente do Cerrado são conhecidas, até o momento, 1.575 espécies animais, formando o segundo maior conjunto animal do planeta. Cerca de 50 das 100 espécies de mamíferos (pertencentes a cerca de 67 gêneros) estão no cerrado. Apresenta também 837 espécies de aves; 150 de anfíbios, das quais 45 são endêmicas; 120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas; apenas no Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, 1.000 espécies de borboletas e 500 de abelhas e vespas.
Devido à grande ação antrópica do homem e a suas atividades, o cerrado passou por grandes modificações, alterando os diversos hábitats, e conseqüentemente apresentando espécies ameaçadas de extinção, como o tamanduá-bandeira, o macaco, a anta, o lobo-guará, o pato-mergulhão e o falcão-de-peito-vermelho, o tatu-bola, o tatu-canastra, o cervo, o cachorro-vinagre, a onça-pintada, a ariranha e a lontra.
Degradação do Cerrado
Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da década de 1960, com a interiorização da capital e a abertura de uma nova rede rodoviária, largos ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura extensiva, como a soja, arroz e ao trigo.
Tais mudanças se apoiaram, sobretudo, na implantação de novas infra-estruturas viárias e energéticas, bem como na descoberta de novas vocações desses solos regionais, permitindo novas atividades agrárias rentáveis, em detrimento de uma biodiversidade até então pouco alterada.
Durante as décadas de 1970 e 1980 houve um rápido deslocamento da fronteira agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que resultou em 67% de áreas do Cerrado “altamente modificadas”, com voçorocas, assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. Resta apenas 20% de área em estado conservado.
A partir da década de 1990, governos e diversos setores organizados da sociedade debatem como conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar tecnologias embasadas no uso adequado dos recursos hídricos, na extração de produtos vegetais nativos, nos criadouros de animais silvestres, no ecoturismo e outras iniciativas que possibilitem um modelo de desenvolvimento sustentável e justo.
Atualmente as unidades de conservação federais no Cerrado compreendem: dez Parques Nacionais, três Estações Ecológicas e seis Áreas de Proteção Ambiental.
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