O cerebelo
O cerebelo fica na parte posterior do encéfalo, atrás do cérebro, e constitui cerca de 10% do volume do encéfalo. Como o cérebro, o cerebelo tem uma camada externa de massa cinzenta e seu interior é constituído de massa branca.
A estrutura interna do cerebelo é diferente do restante do encéfalo. As minúsculas células de seu córtex estão arranjadas com uma precisão quase matemática. As células estão arrumadas em uma ordem tão regular que os cientistas têm sido capazes de acompanhar suas conexões, que se assemelham a um enorme diagrama de instalação elétrica.
O cerebelo trabalha de uma única maneira. O resto do cérebro produz sinais que provocam reações nas outras partes do sistema nervoso. A função do cerebelo é reduzir ou interromper alguns desses sinais, controlando assim a coordenação e o equilíbrio.
Os sinais processados pelo cerebelo são instruções para movimentos musculares, vindos do cérebro. Os sinais são muito fortes e, se não forem bem ajustados no cerebelo, não seremos capazes de fazer alguns movimentos precisos ou delicados. Seríamos, por exemplo, incapazes de pegar um copo de água sem derramar, ou caminhar sem cambalear.
Os neurônios
As minúsculas células nervosas que compõem o cérebro e o resto do sistema nervoso são chamadas neurônios. Há 12 bilhões de neurônios só no cérebro e muitos milhões mais nos nervos. Mas mesmo esse enorme número constitui apenas uma pequena parte do cérebro. Amontoadas bem apertadas ao redor e entre os neurônios há um outro tipo de célula, as chamadas células gilais. A finalidade das células gliais é prover sustentação para os neurônios.
Os neurônios carregam as mensagens por meio de um longo prolongamento chamado axônio. Os axônios crescem do corpo celular dos neurônios, onde têm lugar as outras funções da célula. Prolongamentos de outro tipo, chamados dendritos, também saem do corpo celular dos neurônios. O axônio é o mais longo de todos – algumas vezes tem 90 centímetros ou mais de comprimento, embora o corpo da célula seja tão pequeno que só possa ser visto através de microscópios poderosos. Os sinais são transmitidos de uma célula para outra ao longo dos axônios, e destes para os dendritos da célula seguinte, aos quais se ligam através de uma junção chamada de sinapse.
Os neurônios podem transmitir apenas a mais simples das informações – “liga” ou “desliga”. Toda a nossa atividade mental está baseada nesse simples sinal de “liga-desliga”; mas, quando há o envolvimento de neurônios suficientes, informações muito complicadas podem ser manejadas em um código parecido com as linguagens usadas em computadores.
Como as mensagens passam pelos neurônios
Um sinal carregado por um neurônio pode parecer com uma corrente elétrica sendo carregada através de um fio, mas na realidade é bem diferente. Uma minúscula carga elétrica é produzida, mas o movimento do sinal ao longo de um axônio é mais semelhante à queima de um estopim de pólvora.
O sinal move-se com uma velocidade entre 1,5 metro e 90 metros por segundo.
O axônio é um tubo fino cheio de substâncias químicas dissolvidas em água. Muitos têm a parte exterior coberta com uma camada de material gorduroso, como um isolamento elétrico.
A passagem de um sinal ao longo do axônio envolve o movimento de íons, ou minúsculas partículas eletricamente carregadas de dois elementos metálicos: sódio e potássio. Normalmente há mais potássio do lado de dentro de um axônio e mais sódio do lado de fora.
Quando passa um sinal, a membrana que cobre o axônio se altera, permitindo aos íons escoarem através dela, causando uma mudança súbita nas propriedades elétricas nesse ponto. Essas mudanças oscilam ao longo do axônio como uma onda.
do o sinal alcança a sinapse, ele deve cruzar um pequeno intervalo para alcançar o próximo neurônio. Minúsculas bolhas nas ramificações da extremidade dos axônios contêm substâncias químicas, chamadas transmissores. Estas são liberadas quando atingidas pelos sinais e então atravessam o intervalo da sinapse. Quando contatam os dendritos da célula seguinte, dão início ao movimento do sódio- e do potássio, transmitindo o sinal.
Agora o primeiro neurônio volta ao estado de descanso normal, esperando por outro sinal. Os transmissores químicos que carregam um sinal através do intervalo da sinapse podem ser de dois tipos diferentes.
Alguns são chamados de substâncias químicas excitadoras. Estas são as substâncias que passam a mensagem para o próximo neurônio, que em seguida, começa as mudanças elétricas que darão origem a sinais a serem produzidos e passados ao longo do axônio.
Os outros transmissores são chamados de substâncias químicas inibidoras. Sua função é evitar que um sinal seja produzido em outro neurônio.
Milhares de neurônios estão em contato com os outros através de sinapse, e muitos estarão produzindo sinais excitadores ou inibidores, O neurônio não produzirá nenhum sinal a menos que receba mais mensagens excitadoras (“liga”) do que inibidoras (“desliga”).
Um sinal de um ou dois neurônios não é suficiente para acionar um outro – ele deve receber vários sinais de uma vez. Isto significa que quaisquer sinais ocasionais de milhares de neurônios ao redor não causarão uma mensagem falsa a ser passada. E quase como o princípio da votação, onde o neurônio precisa dos “votos” de uma série de outros neurônios antes de ser capaz de emitir um sinal.
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